quarta-feira, 17 de novembro de 2010

José Saramago: o criador do cão das lágrimas!


Acabei de comprar um novo Saramago. Mas, pela primeira vez, compilado. AS PALAVRAS DE SARAMAGO Recém lançado, ele reúne pensamentos do escritor, emitidos em entrevistas. Bateu aquele vazio de leitor-órfão: nunca mais eu vou ler um Saramago novo! Talvez exista um livro começado. Talvez vários. Mas será que ele terminou alguma coisa depois do CAIM? Será que tem algum romance oculto em suas gavetas? Só Pilar saberá. Ou tavlez só Deus... O Deus que ele sequer acreditava... Onde estará Saramago agora? Fico me perguntando. Mas, o que me fez vir blogar foi uma passagem registrada na página 216 deste livro:
"SE EU TIVESSE DE SER LEMBRADO POR ALGO, GOSTARIA QUE SE LEMBRASSEM DE MIM COMO O CRIADORDO CÃO DAS LÁGRIMAS"
Em setembro de 2006, talvez no dia 20 ou 21, eu estava na cidadezinha Alentejana de Beja, em Portugal. Eu vinha subindo uma ruazinha, depois que comprara biscoito e creme dental num mercado chamado Pingo Doce, quando avistei também um cão. Um cão português, hehehe Tivemos medo um do outro. Fomos andando e nos mirando... Eu escrevi sobre essa noite no Cenas Comuns. E o "cão das lágrimas" também emocionou-me muito, como essezinho que vi, naquela noite. Os animais têm um quê de afeto que, óbvio ou não, são sobre humanos! Eles transmitem, naquele silencio deles, uma solidariedade, no medo ou na dor, ou em tantos outros sentires, que a mim, dá a sensação de proximidade, enlace, sei lá que nome dou... Outros animaizinhos que me emocionaram no Saramago, são os porquinho do seu avó. Duas histórias que ele conta no Pequenas Memórias, onde os bichos aparecem - os bacoinhos - me emocionam também sobremodo. Não tenho vontade nenhuma de escrever dissertações ou teses sobre meus autores favoritos. NENHUMA!! Eles me dão algo supremo: suas memórias! Suas palavras acordam vivências que eu não tive, mas amo também. E revisito. E tenho saudades. Muitas vezes vou querer rever cão das lágrimas. Estou relendo o Memorial do convento. Lá não há bichos, senão coadjuvantes. Mas o cão das lágrimas é personagem principal na hora da dor da mulher que vê! Ele é "seu ombro amigo". A compreende. Beija suas lágrimas no jeito de cão, mas beija. Compreende mesmo. SARAMAGO, não vou deixar de lembrar aos outros deste seu singelo pedido. QUe talvez vc mesmo já tivesse resignificado, vai saber?! Afinal vc o disse em novembro de 2008 e já se passaram dois anos! Mas está lá, nas suas palavras compiladas por Fernando Gómez. E está tão dentro de mim esta cena (como a da Maria Carda riscando o chã!!!) que terei prazer em reproduzi-la quando falar de você (sozinho ou junto com meus outroas Josés...) Acho que no final das contas suas indignação, seus romances, sua vida, tudo é tão brilhante porque é simples. Proque você via beleza nas simplicidades, nas pequenas memórias... Amanhã faz seis meses que você se foi... Sei lá pra onde! Tenho minhas convicções religiosas, mas estou abandonando a arrogância neste campo... Deus é quem sabe onde nos põe, afinal Ele foi quem nos fez. Se minhas teorias estiverem certas, quero muito vê-lo, Zé. Trocar umas palavrinhas; desfolhar uns bem-me-queres; olhar uns pores-de-sol; falar do seu Portugal tão meu; ouvir meu Brasil por sua voz e memórias; te ver, só isso. Por enquanto ficam as palavras. As suas. As minhas. O que nasce na fusão das duas. O que desespera ou alumia na confusão delas. A poesia que só a distância faz surgir... Não sei quanto tempo ainda tenho... Espero por muitos!! Desejo-os!! Então, fica aqui meu até breve, desejosa de que seja um breve beeeeeeeeeeeeeem distante, mas certa de que no final das contas, das vidas, toda centena de anos é pouco... Viver é tão lindo que tenho preguiça com a morte... São as minhas intermitências :o/ Talvez...

Nenhum comentário:

Postar um comentário