domingo, 25 de dezembro de 2011

"Quem terá perdido de todo a expressão infantil, se o próprio Cristo, Guia Supremo da Humanidade, abriu tenros braços, um dia, no berço da manjedoura." André Luiz, in Missionários da Luz

sábado, 24 de dezembro de 2011

Manjedoura Vazia....

Escrevi este texto faz muito tempo... A ideia veio quando vi o carrinho onde minha filha dormia vazio (eu a estava amamentando), mas ele custou vir. E, embora tenha tentado poesia, veio crônica. *************************************

MANJEDOURA VAZIA

Um homem caminhava só pelas ruas da cidade. Contemplava as pequeninas flores que teimavam nascer entre as pedras do asfalto, e se perguntava por que por mais tivesse amado, estava agora tão só? Por mais tivesse se doado caminhava agora tão sozinho?

Entardecia, era Natal.

Ao seu lado pessoas passavam apressadas para as últimas compras. Às vezes um ou outro parava para lançar-lhe um olhar meigo, cheio da compaixão que guardamos para sentir no natal. Tinham pena de sua roupa tão simples e sua solidão tão clara... Caminhavam em sua maioria em pequenos grupos, mas no fundo também elas estavam sós (daquela solidão das idéias sem par, dos amores unilaterais, dos desejos de mão estendida, de amigos), mas se negariam admitir! Vez por outra uma criança o apontava e dizia: “Mãe, olha o papai Noel!” e eram puxadas entre um lacônico “Anda, menino, anda!” ou simplesmente “Tá, meu filho, tá”. Não tinham tempo para os arroubos infantis.

E o homem caminhava.

Por que mesmo com tanta dedicação e carinho seus queridos o ignoravam num dia tão especial quanto aquele? Será que havia sido esquecido?

Nas ruas, decorações de todos os matizes com milhares de luzes que pisca-piscavam, disputavam a atenção dos passantes.

No entanto, alguém, como o fez Assis1, lembrou-se de montar um presépio. No meio da praça, Maria, José, os reis magos, pastores e cada animalzinho estavam ali representados. Só a manjedoura mantinha-se vazia a dizer da grandeza do recém nascido.

Um menino do alto de seus três anos, puxando a saia da mãe interrogava-lhe:

- Mamãe, cadê o Menino?

Neste instante o homem agachou, e estando da altura daquela criança, sentiu-lhe grandeza. Tocou-lhe carinhosamente nos ombros e, olhos nos olhos, como fosse também menino, pareceram efetuar ali mesmo um pacto de amor pelo mundo do porvir. Já não estava só. Sabia que agora não seria esquecido.

O pequenino então observando o homem que se levantara, virou-se para a mãe, e respondeu à sua própria pergunta:

- Esse Menino tá muito ocupado, né mãe?! Tá muito ocupado!

Não se sabe o porquê, mas naquela noite uma forte luz verde-azulada brilhou dentro da manjedoura vazia, como se o Mestre nos quisesse lembrar da mensagem de amor que veio trazer, nos quisesse dizer de Sua grande dedicação por cada um de nós...

Ah?! E o homem que andava só? Ora, esse Menino tá muito ocupado, muito ocupado!

1 – Francisco de Assis foi quem montou o primeiro presépio, no ano de 1223, e deixou a manjedoura vazia por considerar Jesus grande demais para ser representado.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Livros, livros, livros!

Segunda-feira recebi por email a capa de outro livro "Namoro encantado". Foi um verdadeiro presente de natal! Eu soube quando ele foi para as mãos da ilustradora (Luciana Carvalho), mas não imaginava que ficasse pronto tão rápido! Está lindo demais. Todo em nanquim. Lindo! E ainda agora recebi, em papel, completamente pronto, "A lenda do Alecrim".. Só suspirando, viu?! Ah.......

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

É Natal

Pela manhã participei de uma roda de leitura do livro "Vasos Sagrados", publicados pela Rocco, coordenada pela própria autora, Maria Inez do Espírito Santo. O livro trabalha os mitos indígenas brasileiros. É ótimo! E a roda foi maravilhosa. Éramos sete mulheres, falando de ancestralidade, intuição, do materno, terno, humano. Saí do Museu de São Bento, aqui em DC, em paz. Fotografei a paisagem e me encaminhei para o ponto de ônibus enquanto falava com minha filha pelo telefone. Quando cheguei no centro da cidade, liguei novamente pra ela e senti que seria assaltada. Lembrei-me de uma experiência assim que vivi no Leblon em 2007. O rapaz pegou meu celular se pendurando na janela do ônibus. Mas desbaratei. Confirmei onde era o novo ponto final com uma senhorinha que estava sentada ao meu lado e, na hora que ia descer, vi minha bolsa aberta... Tenho um pré pago da nokia, que foi todo mordido pelo meu cachorrinho, e um motorola, que é de linha. Adivinha qual foi pego? Pois é. Na hora vi quem tinha sido. O rapaz de meia idade ainda se ajeitava. Não vi o aparelho, mas sabia que tinha sido ele. Titubeei fração de segundos e, fingindo de boba, falei assim pra ele, ainda procurando pelo aparelho: "O senhor viu meu celular?" Ele fingiu que sua bolsa caíra, jogou meu celular no chão, apanhou e me perguntou: "É da senhora?" Eu, sem pestanejar, respondi: "Ô, meu fillho, obrigada. Deus te abençõe!" Ele desceu sem olhar atrás. Eu ligeiramente trêmula. Não tenho a menor dúvida de que fui instrumento para ensinar-lhe algo. Fiquei com a impressão que fora sua primeira tentativa de assalto. Talvez seja. Mas o mais importante é que não fomos agressivos. O Espírito de Natal está no ar! (Indo para a roda de leitura desejei meu primeiro "feliiz natal" à amiga que me dera carona) Jesus caminha pelo mundo. O Bem está na terra e todo ser humano pode fazer um bem, mesmo os infratores; mesmo os assustados; mesmo os que não acreditam no nascimento do Mestre; todos. Acabei me lembrando de outro assalto, esse concretizado, ocorrido há dez anos atrás. Eu me encaminhava para o trabalho, quando um rapaz sentou-se ao meu lado e lá pelas tantas anunciou: "Eu vou assaltar esse ônibus" Eu me virei, olhei nos olhos dele e disse: - Toma cuidado, não vai machucar ninguém, nem a você mesmo. - Vou assaltar você também, ele retrucou - Tudo bem. - Quanto você tem? - Dezoito reais. - Me dá escondido. Eu pedi que ele segurasse a minha bolsa; desisti, vendo que era um pedido meio doido; peguei o dinheiro do bolso do macacão que vestia e entreguei a ele, que pegou, pediu que eu olhasse para o outro lado e desceu, sem assaltar mais ninguém. Hoje tive certeza de que precisava contar essas histórias, porque o MUNDO TEM JEITO, e É POSSÍVEL FAZER UM BEM, sempre! Viva dezembro! É Natal!