quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

É Natal

Pela manhã participei de uma roda de leitura do livro "Vasos Sagrados", publicados pela Rocco, coordenada pela própria autora, Maria Inez do Espírito Santo. O livro trabalha os mitos indígenas brasileiros. É ótimo! E a roda foi maravilhosa. Éramos sete mulheres, falando de ancestralidade, intuição, do materno, terno, humano. Saí do Museu de São Bento, aqui em DC, em paz. Fotografei a paisagem e me encaminhei para o ponto de ônibus enquanto falava com minha filha pelo telefone. Quando cheguei no centro da cidade, liguei novamente pra ela e senti que seria assaltada. Lembrei-me de uma experiência assim que vivi no Leblon em 2007. O rapaz pegou meu celular se pendurando na janela do ônibus. Mas desbaratei. Confirmei onde era o novo ponto final com uma senhorinha que estava sentada ao meu lado e, na hora que ia descer, vi minha bolsa aberta... Tenho um pré pago da nokia, que foi todo mordido pelo meu cachorrinho, e um motorola, que é de linha. Adivinha qual foi pego? Pois é. Na hora vi quem tinha sido. O rapaz de meia idade ainda se ajeitava. Não vi o aparelho, mas sabia que tinha sido ele. Titubeei fração de segundos e, fingindo de boba, falei assim pra ele, ainda procurando pelo aparelho: "O senhor viu meu celular?" Ele fingiu que sua bolsa caíra, jogou meu celular no chão, apanhou e me perguntou: "É da senhora?" Eu, sem pestanejar, respondi: "Ô, meu fillho, obrigada. Deus te abençõe!" Ele desceu sem olhar atrás. Eu ligeiramente trêmula. Não tenho a menor dúvida de que fui instrumento para ensinar-lhe algo. Fiquei com a impressão que fora sua primeira tentativa de assalto. Talvez seja. Mas o mais importante é que não fomos agressivos. O Espírito de Natal está no ar! (Indo para a roda de leitura desejei meu primeiro "feliiz natal" à amiga que me dera carona) Jesus caminha pelo mundo. O Bem está na terra e todo ser humano pode fazer um bem, mesmo os infratores; mesmo os assustados; mesmo os que não acreditam no nascimento do Mestre; todos. Acabei me lembrando de outro assalto, esse concretizado, ocorrido há dez anos atrás. Eu me encaminhava para o trabalho, quando um rapaz sentou-se ao meu lado e lá pelas tantas anunciou: "Eu vou assaltar esse ônibus" Eu me virei, olhei nos olhos dele e disse: - Toma cuidado, não vai machucar ninguém, nem a você mesmo. - Vou assaltar você também, ele retrucou - Tudo bem. - Quanto você tem? - Dezoito reais. - Me dá escondido. Eu pedi que ele segurasse a minha bolsa; desisti, vendo que era um pedido meio doido; peguei o dinheiro do bolso do macacão que vestia e entreguei a ele, que pegou, pediu que eu olhasse para o outro lado e desceu, sem assaltar mais ninguém. Hoje tive certeza de que precisava contar essas histórias, porque o MUNDO TEM JEITO, e É POSSÍVEL FAZER UM BEM, sempre! Viva dezembro! É Natal!

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